Como Equipes de Liderança Diversificadas Impulsionam a Inovação
O artigo que você vai ler agora foi originalmente escrito por Rocío Lorenzo, Nicole Voigt, Miki Tsusaka, Matt Krentz e Katie Abouzahr e publicado pela BCG em 23 de janeiro de 2018 com o título original: How Diverse Leadership Teams Boost Innovation. A tradução do conteúdo tem o objetivo de fornecer uma visão privilegiada sobre a nova economia, inovação e qual percepção diversos países têm a respeito dos termos e conceitos apresentados. Boa leitura!
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“Contrate um diretor de inovação.” “Mude a cultura.” “Olhe para fora do seu setor.” Não faltam conselhos sobre como as empresas podem se tornar mais inovadoras. O problema é que a maioria desses conselhos é baseada em evidências anedóticas, mas há um passo que as empresas podem dar que se apoia em alguns dados.
Um estudo recente do BCG sugere que aumentar a diversidade das equipes de liderança leva a mais inovação melhorada e melhor desempenho financeiro. Tanto nas economias em desenvolvimento quanto nas desenvolvidas, as empresas com diversidade acima da média em suas equipes de liderança relatam um retorno maior da inovação e margens EBIT mais altas. Ainda mais persuasivo é o fato de que as empresas podem começar a gerar ganhos com mudanças relativamente pequenas na composição de suas equipes seniores.
Para os líderes da empresa, este é um caminho claro para a criação de uma organização mais inovadora. Pessoas com diferentes backgrounds e experiências geralmente veem o mesmo problema de maneiras diferentes e apresentam soluções diferentes, aumentando as chances de que uma dessas soluções seja um sucesso. Em um ambiente de negócios em rápida mudança, essa capacidade de resposta deixa as empresas mais bem posicionadas para se adaptar. Esse argumento sempre fez sentido intuitivo e agora temos algumas correlações convincentes para adicionar ao caso.
DIVERSIDADE GANHANDO MOMENTUM NO MUNDO INTEIRO
Pesquisamos funcionários de mais de 1.700 empresas em oito países (Áustria, Brasil, China, França, Alemanha, Índia, Suíça e EUA) em diversos setores e tamanhos de empresas. (Este foi um estudo que se seguiu a outro que relatamos no ano passado em The Mix That Matters: Innovation Through Diversity, BCG Focus, abril de 2017, e que fora discutido em uma palestra TED.) Analisamos as percepções de diversidade no nível gerencial em seis dimensões – sexo, idade, país de origem (ou seja, funcionários nascidos em um país diferente daquele em que a empresa está sediada), plano de carreira, experiência no setor e educação (ou seja, foco de estudo dos funcionários na faculdade ou pós-graduação). Para avaliar o nível de inovação de uma empresa, analisamos a porcentagem da receita total de novos produtos e serviços lançados nos últimos três anos.
Em geral, 75% dos entrevistados disseram que a diversidade está ganhando momentum em suas organizações. Funcionários de empresas em mercados emergentes (China, Brasil e Índia) relataram maior progresso nos últimos anos do que em empresas em mercados desenvolvidos.
A maior conclusão que encontramos é uma correlação forte e estatisticamente significativa entre a diversidade das equipes de gerenciamento e a inovação geral. As empresas que relataram diversidade acima da média em suas equipes de gerenciamento também relataram receita de inovação 19 pontos percentuais maior do que a de empresas com diversidade de liderança abaixo da média – 45% da receita total versus apenas 26%. (Veja o Quadro 1.)
Em outras palavras, quase metade da receita das empresas com liderança mais diversificada vem de produtos e serviços lançados nos últimos três anos. Em um ambiente de negócios cada vez mais dinâmico, esse tipo de inovação turbinada significa que essas empresas são mais capazes de se adaptar rapidamente às mudanças na demanda dos clientes.
Não surpreendentemente, essas organizações também relataram melhor desempenho financeiro geral: suas margens EBIT foram 9 pontos percentuais maiores do que as de empresas com diversidade abaixo da média em suas equipes de gerenciamento.
PEQUENAS MUDANÇAS, GRANDES RESULTADOS
Das seis dimensões de diversidade que consideramos, todas apresentaram correlação com a inovação. Mas os ganhos mais significativos vieram da mudança na composição da equipe de liderança em termos de origem nacional dos executivos, variedade de setor de origem, equilíbrio de gênero e planos de carreira. Idade e foco educacional mostraram um efeito menor.
Para entender como a diversidade na equipe de liderança pode se traduzir em melhor desempenho financeiro, analisamos uma empresa hipotética com cerca de 50.000 funcionários e 1.500 pessoas em funções gerenciais. Começamos com um mix de diversidade alinhado com as médias gerais e a receita de inovação que era cerca de um terço do total da empresa (35%, a média da nossa amostra de empresas); então mudamos cada dimensão isoladamente para avaliar o efeito.
Mudanças relativamente pequenas na composição da gestão podem ter um impacto significativo. Por exemplo, se nossa empresa hipotética contratasse 30 gerentes de um setor diferente (2% da equipe de gerenciamento total), ela melhoraria sua receita de inovação em um ponto percentual. A contratação de 38 gerentes mulheres (2,5% da equipe) teria o mesmo resultado, assim como a contratação de 23 gerentes (1,5% da equipe) de um país diferente daquele em que a empresa está sediada. (Veja o Quadro 2.) Para ser claro, essas não são novas contratações incrementais, mas sim substituições para gerentes e executivos existentes; o tamanho geral da equipe de gerenciamento permanece o mesmo, mas é mais diversificado.
Nossa pesquisa também descobriu que os efeitos são aditivos para todas as dimensões, com exceção para os fatores “setor de origem” e “plano de carreira” (que mostram alguma sobreposição). Portanto, em vez de se concentrar em algum aspecto específico da diversidade, o objetivo deve ser criar equipes diversas em várias dimensões, porque todas têm valor.
Cada empresa precisará encontrar a “combinação que faz acontecer” correta, dependendo de suas circunstâncias únicas. A mensagem principal para os líderes? A inovação pode parecer uma ideia grande e amorfa com um caminho incerto para o sucesso, mas fazer mudanças relativamente pequenas pode causar um grande impacto.
DIGITALIZAÇÃO COMO COMBUSTÍVEL
O estudo também analisou o efeito da digitalização na inovação geral. Descobrimos que empresas que dão maior ênfase à tecnologia digital apresentam uma correlação ainda mais forte entre diversidade e inovação.
Especificamente, o estudo analisou qual porcentagem das despesas operacionais as empresas investem em tecnologia digital. As descobertas foram divididas em três categorias: investimento baixo (aqueles no percentil 5), mediano (percentil 50) e alto (percentil 95). Aqueles no maior percentual de investimento digital mostraram correlação mais forte entre diversidade e receita de inovação.
Assim, a digitalização fornece uma espécie de combustível para os esforços das empresas em se tornarem mais inovadoras. Em outras palavras, se uma empresa investe no digital, as vantagens da diversidade se acumulam e a posicionam para capitalizar de forma mais eficaz esses investimentos.
CONSTRUINDO A BASE CERTA
Mesmo com uma equipe de gerenciamento diversificada, as empresas só poderão aproveitar os pontos de vista e as perspectivas únicas dos líderes se tiverem a base inclusiva certa. O estudo, portanto, analisou a presença dos fatores que permitem que a diversidade floresça e ajude a equipe de gerenciamento diversificada a reformular os esforços de inovação da empresa. Esses fatores incluem práticas de emprego justas, como igualdade de salários; liderança participativa, com diferentes visões sendo ouvidas e valorizadas; uma ênfase estratégica na diversidade liderada pelo CEO; comunicação frequente e aberta; e uma cultura de abertura a novas ideias.
A maioria das empresas pesquisadas ficou aquém – menos de 40% dos entrevistados disseram que qualquer uma dessas características descreve sua empresa, o que significa que há espaço significativo para melhorias. (Veja o Quadro 3.) Notavelmente, no entanto, as empresas onde essas condições existem relatam uma receita de inovação mais alta – quase 13 pontos percentuais a mais do que as empresas onde as características são fracas ou não estão presentes.
Esta é uma questão familiar para organizações que tentam melhorar a diversidade. É muito fácil contratar pessoas de diferentes backgrounds e depois sentar e esperar que a mágica aconteça. Uma abordagem passiva é garantia de fracasso. Na verdade, mesmo esforços ativos nem sempre são bem-sucedidos. Pesquisa recente do BCG sobre diversidade de gênero mostra que 91% das empresas têm um programa em vigor, mas apenas 27% das mulheres dizem que realmente se beneficiaram dele.
Muitas organizações têm culturas estabelecidas há muito tempo com uma equipe de liderança homogênea – primariamente homens brancos mais velhos que subiram na hierarquia em sua própria empresa. Eles precisam ser proativos se quiserem promover diferentes pontos de vista e perspectivas. Isso exige muito tempo e atenção, além de mudanças organizacionais que vão muito além do processo de contratação.
Especificamente, as empresas precisam abordar a diversidade como fariam com qualquer outro imperativo de negócios. O CEO deve possuir essa agenda e liderá-la visivelmente. O sucesso também exige avaliar com precisão o ponto de partida da empresa, estabelecer metas específicas e criar um roadmap com marcos e responsabilidades claras. Qual é o seu alvo? Quão rápido você espera alcançá-lo? Quem vai implementá-lo? E quais são as consequências se uma iniciativa ficar aquém do esperado? Esses são os componentes básicos do gerenciamento de projetos, usados em praticamente todos os principais programas de negócios, e são igualmente aplicáveis a iniciativas de diversidade, principalmente porque o sucesso pode trazer grandes recompensas.
Há muito tempo existem evidências anedóticas que apoiam a ideia de que a diversidade promove a inovação. Agora há dados também. A evidência é clara: empresas que tomam a iniciativa e aumentam ativamente a diversidade de suas equipes de gerenciamento – em todas as dimensões da diversidade e com os fatores capacitadores corretos – têm melhor desempenho. Essas empresas encontram soluções não convencionais para problemas e geram mais e melhores ideias, com maior probabilidade de que algumas delas se tornem produtos e serviços vencedores no mercado. Como resultado, elas superam seus pares financeiramente. Para as equipes de gerenciamento, existem poucas goleadas no mundo dos negócios. Esta é uma delas.
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Se este conteúdo foi relevante para você e despertou interesse em falar mais sobre ele, sinta-se à vontade para refletir junto com nosso Cofundador e CPO da DIWE Eduardo Fonseca.