Venture Builder: o que é, motivos para investir e exemplos de empresas que nasceram a partir desta iniciativa
A inovação aberta oferece múltiplas vertentes de investimentos e possibilidades para inovar, uma delas é a Venture Builder. Com um crescimento exponencial de mais de 200%, desde 2010 até os dias atuais, as Venture Builders apresentam uma série de qualidades atraentes.
Afinal, o relacionamento entre corporações e startups embora sofra com a instabilidade global (pandemia, guerra, escassez) continua agradando aos investidores. Enquanto o número de startups apresenta crescimento - somente no Brasil chega a mais de 14 mil, número três vezes maior se comparado a 2015, segundo Associação Brasileira de Startups - observa-se alta também na conexão de corporações com estas pequenas empresas.
Para as corporações, dentre as vantagens apresentadas nessa interação estão o contato com novas tecnologias, entendimento sobre os novos mercados, acompanhamento das tendências e a redução de custos operacionais.
Para as startups, os interesses também são perceptíveis, vão desde o acesso a mentoria dos executivos, que possuem expertise para expandir os negócios, até investimento de recursos financeiros.
Por apresentar benefícios e os dados revelarem crescimento, vale estar por dentro do que é este veículo de inovação aberta e acompanhar os exemplos de empresas que surgiram a partir desta iniciativa.
O que é Venture Builder?
As Venture Builders ajudam outras empresas no desafio de idealizar um novo negócio (startup) conforme a necessidade do mercado. Para afastar qualquer dúvida ou confusão, veja outros nomes também usados para falar sobre Venture Builder:
- Venture Studio;
- Venture Building;
- Fábrica de Startups;
- Startups Studios (estúdio de startups);
- Venture Studio;
- Venture Model.
Independente de terem startups atuantes nas cinco regiões do país e nos mais variados setores, a Venture Builder consegue ganhar força pois ainda há espaço para novas ideias, afinal os consumidores gostam de novas experiências. Diante desta necessidade, o recurso é investir na criação de uma nova startup para preencher as lacunas da demanda.
Como funciona uma Venture Builder?
No geral, ela funciona da seguinte forma: uma companhia identifica uma oportunidade de expansão no mercado, como não encontra nenhuma startup em operação nesta janela, a companhia cria sua própria empresa com o auxílio de uma outra empresa parceira, se tornando uma cofundadora.
Vamos a um exemplo? Em algum momento da sua operação a Ambev teve a ideia de criar novos caminhos para as bebidas chegarem a mesa dos consumidores. Como vender diretamente para o seu consumidor final era não era uma estratégia, a empresa de bebidas resolveu conectar bares a consumidores a partir de entregas de bebidas geladas a qualquer hora do dia. E assim foi criada a empresa Zé Delivery. Apesar da construção da startup ter ocorrido internamente, sendo classificada como um CVB (Corporate Venture Building), os moldes - ideia, construção, validação - são os mesmos.
Como a Ambev tem orçamento, estrutura, pessoal e maturidade fica mais fácil estruturar um CVB, idealizar e escalar uma startup internamente. Mas como a inovação é democrática, oferece a opção de uma Venture Builder para empresas menores, que embora tenham a mesma ambição de crescimento de Ambev, ainda não possuem operacional para fazer tudo dentro de casa.
Principais vantagens da VB
O crescimento do modelo de negócio Venture Builder ocorre principalmente pela velocidade do desenho, teste e implementação da ideia empreendedora. Por isso, escolher uma empresa parceira é visto como o diferencial.
A empresa parceira deve operar de modo consolidado, ter experiência em cultura de aprendizado para validação de hipóteses, times pautados em metodologias ágeis, entendimento sobre construção de produtos digitais e sobre gestão de negócios.
Motivos para corporações escolherem uma Venture Builder
A sobrevivência de nenhuma empresa está garantida, por mais que seus gestores apresentem grande expertise e a empresa tenha uma longa caminhada de existência, estes fatores não são o suficiente para garantir vida longa e saudável às organizações.
Diante disso, acompanhar as tendências da nova economia é essencial para a satisfação dos clientes e a conquista de novos consumidores. Segundo a McKinsey, 6 a cada 10 CEOs afirmam que construir novos negócios é uma das três principais prioridades para o negócio.
E das iniciativas de inovação aberta, a Venture Builder revela suas particularidades, veja abaixo as razões para uma corporação escolher esse veículo de inovação
Acompanhar a transformação digital sem ter a cultura como barreira
Até os microempreendedores já perceberam que a transformação digital é um caminho sem volta. Prova disso se confirma pois, por menor experiência digital que seus donos possuam, estes pequenos empreendimentos estão sempre atentos a atendimentos diferenciados por redes sociais e WhatsApp. Retrato muito diferente do que era visto há 10 anos.
Mas quando falamos de uma grande companhia, a preocupação com a transformação digital não deve ser comparada a uma lojinha de roupa de bairro. Neste caso, trata-se de processos complexos e generosa movimentação financeira.
Infelizmente, há um entrave que impede os executivos a olharem para o próprio negócio como atrasado e deficiente em tecnologia: a cultura organizacional. É comum que empresas tradicionais vejam a inovação como restrita à uma área ou grupo específico, fazendo com que o potencial de crescimento seja disfarçado. E como resultado, a empresa acredita que a inovação não faz muita diferença.
Por outro lado, o relacionamento com startups embora seja um avanço tecnológico, as empresas tradicionais podem ter muitos obstáculos por se tratarem de empresas com a mentalidade muito diferente. No geral, as startups conseguem se adaptar ao novo em uma velocidade assustadora se comparado com antigas empresas acostumadas a insistir em algo que não dá certo por longo período.
Além disso, há outras diferenças como a metodologia de trabalho, o modo de se comunicar e relacionar com os demais áreas (tecnologia, marketing, atendimento) e o modo pelo qual elas acompanham as demandas do mercado.
Com tantas divergências, há uma possibilidade deste relacionamento (corporção x startup) não ter um futuro promissor. Porém, por meio de uma Venture Builder esta balança consegue ficar mais equilibrada. Enquanto a mentalidade organizacional vai amadurecendo, o processo de construção de uma startup vai avançado.
Otimização de processos e Times ágeis
As equipes de uma Venture Builder são compostas por profissionais de diferentes áreas de atuação, com capacidades variadas a fim de testar todas as oportunidades válidas no processo de idealização do negócio.
A expertise desta equipe em trabalhar em pequenos grupos de trabalho com uma dinâmica diferenciada, reduz os custos de pessoal e evita desperdício. Afinal, nos times ágeis os projetos não precisam ser finalizados para passar por validações e ajustes. Estas etapas ocorrem durante a construção da ideia, reduzindo custos e tempo.
Assim como o pensamento ágil reduz o time to market (TTM) do lançamento de um produto, os times pautados em metodologia ágil também otimizam o tempo de lançamento de uma startup.
Por fim, encontrar profissionais qualificados para esta tarefa não é uma missão fácil. Embora as pessoas estejam se aperfeiçoando, o mercado exige novos profissionais com estas habilidades à uma velocidade superior com que eles se capacitam, e assim não suprem a demanda crescente. As Venture Builders já possuem o squad adequado para transformar oportunidades em negócio.
Exemplos de empresas que nasceram a partir de iniciativas de Venture Builder
O mercado de Venture Builder no Brasil tem atuação bastante variada. Existem empresas desde o mercado da música, até gestão de negócios. Veja alguns exemplo abaixo:
Nscreen
A Nscreen é uma empresa de tecnologia criada para gestão de serviço na nuvem. Saber como organizar dados na nuvem de forma segura é imprescindível nos tempos atuais. Faz parte do escopo de serviço da empresa a modernização do serviço na nuvem, squads para soluções de tecnologia e alocação de talentos para compor times internos.
Hoje a empresa é uma spin off criada pela eMotion Studio, empresa de Venture Builder atuante há mais de 10 anos no país.
Agência Palco
Empresa do ramo musical, a Agencia Palco impulsiona a carreira artística de profissionais da música. Além de oferecer instruções para gerenciamento de carreira, gestão de redes sociais e plataformas streaming, oferece ainda a ligação de artista a fornecedores. A empresa foi fundada apartir da parceria da eMotion Studio e da Studio Sol.
A Agência Palco cuida de conhecidas plataformas como Palco MP3, Cifra Club, e Letras.mus.br.
Snaq
Já que estamos falando sobre inovação, startups e tecnologia, nada melhor que trazer um exemplo de uma startup baseada nesses temas. A Snaq traz conteúdos ricos para quem atua neste setor. Sempre atentos às novas tendências do mercado de inovação, a empresa oferece insights e análises registrados em reports.
A Snaq foi fundada em 2020 e foi parcialmente adquirida pela plataforma Startse.
Vem de Bolo
Mesmo com empresas fortes de marketplace, como o IFood, a Nestlé identificou uma oportunidade de conectar confeitarias artesanais a consumidores de bolos, doces, cookies e afins.
A spin off possui em seu portfólio 160 confeitarias e registra a venda de mais de 25 mil bolos em três anos. O objetivo da empresa é fomentar o empreendedorismo no Brasil dentro do mercado de doces e bolos.
Parceiro da construção
A plataforma educacional, que capacita profissionais da área da construção civil, surgiu a partir de dores internas da Saint Gobain. A multinacional francesa procurou uma empresa parceira para a construção de um produto digital. Entretanto, após estudos e análise do mercado, a empresa identificou a oportunidade de um negócio, e assim foi fundado o Parceiro da Construção.
Hoje a empresa leva educação nos mais variados canais e é uma joint venture da Arcelormittal.
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