O que eu aprendi sobre liderança na pandemia
Esse post podia muito bem ser só um compilado de dicas práticas para fornecer um guia aos líderes que têm o desafio de gerir profissionais em tempos de pandemia. Mas não é, ele está mais para um compartilhamento de experiências bem vida real do que vivi, aprendi e ainda não sei lidar depois desse mais de um ano liderando um time de mais ou menos 8 pessoas - mais ou menos porque o turnover também é um desafio ainda maior nesse momento.Primeiro, acho que vale o retrospecto para dizer que a crise de saúde que vivemos impactou de forma muito severa nossas formas de trabalho e certamente ainda irá impactar por anos. Tanta mudança exigiu dos profissionais um poder de adaptação gigante e desafiou aqueles que têm a missão tão incrível de desenvolver pessoas.
O desafio de criar conexões
Se criar conexões verdadeiras com seu time já é um desafio em períodos normais, coloque aí nessa conta não ter mais a possibilidade de puxar uma cadeira, sentar do lado do seu liderado e perguntar se está tudo bem com ele. A tecnologia ajuda muito, mas certamente não substitui o olho no olho. Só que é esse o cenário que temos no momento e que possivelmente teremos ainda por muito tempo - na DIWE, assim como em muitas empresas de serviços, estamos 100% home office desde o início da pandemia, o que impulsionou nosso modelo de trabalho remoto com contratações hoje espalhadas por todo o Brasil e, em breve, quem sabe, por todo o mundo -, então ter alternativas para lidar com o trabalho online é um caminho sem volta. Meio que na marra, nesse período fomos obrigados a encontrar formas mais efetivas de nos comunicarmos como time e, talvez por já termos a cultura do home office antes da pandemia, não tivemos grandes problemas com produtividade relacionados especificamente ao trabalho remoto. Claro que existem os efeitos colaterais: o excesso de agendas ainda é um desafio a ser superado. Mas, voltando à conexão com o time: não tem receita de bolo, assim como no presencial, no remoto você também precisa estar próximo, demonstrar apoio nos momentos em que eles precisam, oferecer ajuda, acompanhamento e às vezes um bom ouvido para escutar de fato os anseios e angústias - profissionais e pessoais - do seu liderado. Ou seja, apenas as ferramentas mudam, o papel do líder continua o mesmo. Em contrapartida, reter pessoas passa a ser ainda mais complexo. O profissional demora mais para criar conexões e, por isso, ir embora acaba sendo um pouco menos doloroso pois não há aquele comprometimento presencial de antes. Não existe aquele time com o qual você deixará de almoçar todos os dias, ou o líder que você vai precisar chamar em uma salinha para aquela conversa sempre difícil de comunicar o desligamento. Não quero dizer que o processo é fácil agora, muito pelo contrário, apenas que ele acaba sendo um pouco mais simples e menos formal do que no modelo tradicional.
A máscara de oxigênio vai primeiro em você
Talvez o grande desafio dessa pandemia, além do rastro terrível de perdas que tivemos, esteja na saúde mental das pessoas para lidar com um momento tão triste. Não tem como virar a chave do pessoal para o profissional e não se deixar afetar por tudo que está acontecendo à nossa volta. E foi na pandemia que eu notei que para que eu possa contribuir com o desenvolvimento da inteligência e gestão emocional do meu time, primeiro eu preciso estar bem. E por isso fui buscando e tendo acesso a instrumentos - como terapia e coaching (valeu, DIWE!) - para fortalecer a minha saúde mental nesse período e conseguir transferir para eles uma liderança mais resiliente e acolhedora. Claro que isso não aconteceu numa linha do tempo em que eu estava plenamente preparada (ainda não estou) para só depois oferecer esse apoio ao time, a liderança exige desafios diários e é sempre o famoso trocar a roda do carro com ele em movimento.
Tenha um time confiante
Entender os momentos e desafios de cada um dos profissionais que fazem parte do seu time é fundamental para promover o crescimento deles - aprendi que chamamos isso de liderança situacional. Na pandemia, esses momentos vão oscilando muito porque são completamente afetados por elementos externos à rotina de trabalho, e aí novamente a proximidade, agendas de 1:1, feedbacks e outras formas de contato irão ajudar muito o líder fornecendo insumos valiosos para ele pensar no desenvolvimento do seu time. Um time que performa bem normalmente é aquele que é encorajado a fazer acontecer, que recebe autonomia quanto está preparado para assumir novas responsabilidades, mas também o apoio que precisa quando tem alguma dificuldade. Compreender esses momentos é promover a confiança e motivação do seu time.
Comunicação assíncrona
Mesmo antes do trabalho remoto eu já era bem fã da comunicação assíncrona, aquela que não é simultânea, que não exige uma resposta imediata de quem está do outro lado. Com o home office senti uma necessidade ainda maior de me comunicar dessa forma tanto com o meu time, quanto com outros profissionais da empresa. As vantagens desse tipo de comunicação são muitas, mas talvez a principal seja compreender que pessoas que trabalham com criatividade, como é o caso do meu time, precisam ter momentos de foco - e mensagens no Slack de 2 em 2 minutos não contribuem em nada para isso. Conseguimos fazer isso 100% do tempo? Ainda não, mas o desafio está aí na mesa. Então, em vez de exigir do time respostas rápidas a todo momento, eu prefiro investir numa comunicação completa, organizada por temas, listando tópicos e informações onde eu procuro deixar muito claro o que quero expor ou o que espero deles com aquele comunicado. Esse tipo de comunicação também privilegia o trabalho de casa, pois as pessoas têm rotinas diferentes e podem se programar para responderem no momento mais oportuno. E com você? Qual foi o maior desafio de liderar um time remoto no meio de uma pandemia? Até mais! Por Camila Prochnow - Head of Content na DIWE