ESG na prática e o uso de startups para soluções estratégicas
O ambiente empresarial está em constante aprendizado, por isso, sempre há espaço para debates a respeito da dinâmica de trabalho e a responsabilidade social da empresa.
Neste contexto, a Agenda ESG tem tido espaço garantido. Muito mais que uma transformação organizacional, o ESG na prática exige uma transformação cultural.
Afinal, o objetivo é trazer as ações que envolvem o meio ambiente, a sociedade e a governança empresarial para o DNA da empresa. Essa mudança deve ser tão significativa ao ponto das atividades ESG não serem mecanizadas, muito pelo contrário, que elas fluam naturalmente por toda a organização.
Nesse desafio corporativo, cada dia mais surgem novas startups a fim de ofertar soluções estratégicas para médias e grandes empresas. Mas antes de falar sobre elas, entenda mais sobre ESG.
O que é ESG?
São diretrizes para uma gestão corporativa responsável baseada em três pilares: Ambiental, Social e Governança. A sigla ESG representa os nomes em inglês: Environmental, Social and Governance. Como é possível imaginar, essa prática não começou no Brasil.
O termo ganhou notoriedade a partir de uma publicação chamada Who Cares Wins, em 2004, do Pacto Global em parceria com o Banco Mundial. O documento ganhou espaço para debates por ter sido baseado em uma reunião de CEO’s de grandes instituições financeiras globais com o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas).
Desde então, a temática conquistou o seu espaço. Conforme divulgado pelo Climate Change and Sustainability Services, caminhar segundo as diretrizes ESG são essenciais para os investidores na tomada de decisão. E vai um pouco mais além, as empresas que garantem essas práticas conquistam boa reputação para fechar contratos com fornecedores e clientes.
Acredita-se que o termo Agenda acompanhado da sigla surgiu devido a publicação, citada acima, estabelecer ações prioritárias e fundos de investimentos para ações emergenciais. Como se fosse uma “agenda”, até então européia, para os próximos anos, até 2025.
Vantagens de adotar os princípios ESG?
Embora ainda tenham pessoas resistentes em relação a importância do conceito, uma pesquisa realizada pela Amcham (Câmara Americana de Comércio), com um total de 178 respondentes revelou um cenário motivador. Dos entrevistados, entre eles líderes de companhias de diferentes portes e startups em operação no Brasil, 93% responderam que identificaram vantagens para o negócio executar as práticas de ESG.
Mas que vantagens seriam essas? Do ponto de vista financeiro, existe um pressão do mercado para que os investidores não realizem aplicação em empresas não praticantes de tais medidas.
Uma outra questão positiva é que as companhias dedicadas a cumprir as exigências ESG se tornaram atraentes para stakeholders.
E como resultado disso, os fundos brasileiros que obedecem aos padrões de sustentabilidade e governança dobraram de tamanho em 2020, chegando a 1 bilhão de reais, conforme apontado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
E, se em termos financeiros, o real motivador de grandes líderes corporativos, o ESG vai bem, por que ainda existe resistência? Podemos destacar alguns motivos:
- Antes de ver o dinheiro retornando, um valor deve ser investido. Ou seja, antes de ganhar é necessário gastar.
- Pequenas e médias empresas acreditam que essas ações são exclusivas de grandes companhias. Desta forma, não planejam soluções a baixo custo.
- Exige uma mudança de cultura, em que todos entendem a importância do seu papel no processo e de como a empresa valoriza tais atitudes.
- Ao mesmo tempo em que as empresas são estimuladas a criar soluções rápidas, acessíveis na esfera corporativa e executáveis em curto prazo, são também impulsionadas a realizar mapeamento e propor metas com olhar no futuro. Resumindo, dá trabalho!
O ESG na prática
ESG não se trata de um conjunto de teorias bonitas ou que estão na moda. Na verdade, ele pode ser melhor percebido em ações práticas. Seguir estes princípios exige uma reflexão da própria empresa sobre as atividades que executa. E mais, o que ela pode fazer para melhorar esta realidade, potencializando os aspectos positivos e minimizando os negativos?
Um bom guia para dar início às ações ESG é analisar se a empresa está alinhada com os Dez Princípios do Pacto Global. Que são eles:
E para auxiliar esse raciocínio, seguem abaixo alguns questionamentos que envolvem cada sigla em particular.
Ambiental
Como tem ocorrido o descarte de resíduos na empresa? O local para onde está sendo destinado realiza o devido tratamento ou descarte? O que está sendo feito para reduzir o consumo de água e energia? A empresa possui um controle sobre esses gastos? Quais as metas anuais para o racionamento? A empresa comunica a importância dessas ações para todos?
Social
As leis estão sendo cumpridas? Quais as normas regulamentam a atividade das diversas áreas da empresa? A empresa presta assistência aos colaboradores e aos demais membros da família dele? Ela está preocupada em oferecer melhor qualidade de vida para a comunidade?
Governança
A empresa é transparente? Sonega impostos? Oculta informações dos consumidores?
Como utilizar startups para soluções estratégicas
Para que as ações ESG façam sentido, para a agenda e para a organização, é fundamental um planejamento estratégico bem definido. E como parte das soluções estratégicas, a parceria com startups, que trazem soluções inovadoras para problemas emergenciais, parece ser um bom caminho. Confira como a parceria com startups trouxe soluções estratégicas para grandes companhias.
Ambev
A gigante no ramo de bebidas, Ambev, reúne diversas iniciativas direcionando definidamente as ações de acordo com a vertentes de Meio Ambiente, Sociedade e Governança. Além disso, a empresa realiza parcerias com comunidades internacionais e integra a Rede Brasil do Pacto Global das Nações Unidas (ONU).
Desde 2018, a cervejaria busca acelerar startups, como o projeto Aceleradora 100+. A ideia é encontrar pequenas empresas que se encaixam no perfil da Ambev e que juntas consigam alcançar as metas de sustentabilidade definidas para 2025.
Na área da Governança, a empresa se propõe a ser transparente com todos os envolvidos, comprometida com a ética e a integridade. Seja com funcionários, fornecedores, clientes, acionista, órgãos reguladores, sociedade ou a comunidade.
Já no âmbito de impacto e transformação social, a Ambev tem o compromisso de levar água potável a comunidade que não tem acesso. A missão deu início em 2017, já beneficiou mais de 600 mil pessoas e planeja alcançar 1 milhão de beneficiados até 2025. E não para por aí, através do projeto VOA a companhia realiza capacitação em diversas ONG’s. Com isso, já foram mais de 10 milhões de pessoas capacitadas.
Em relação a sustentabilidade as ações das startups se sobressaem. Inclusive, a empresa se coloca a disposição para realizar novas parcerias.
Com o uso de novas tecnologias a empresa está empenhada em produzir 100% dos seus produtos em embalagens retornáveis ou feitas, predominantemente, com de material reciclado. O objetivo é zerar a poluição plástica.
Os dados obtidos até agora revelam um resultado satisfatório, a fim de alcançar esta meta.
Toyota no Brasil
Quando o debate é reduzir a emissão de CO2, o primeiro vilão nessa questão sempre aparece o veículo automotor. Por isso, não diferente do esperado, a montadora japonesa Toyota possui bem traçadas as suas metas de atuação no Brasil.
O que tem chamado atenção são os esforços da indústria automobilística em estimular a venda de carro híbridos. E não é para menos, no caso do Corolla, por exemplo, o veículo emite até 30% menos gás carbônico.
Além dos desafios de redução no consumo de água e energia elétrica das fábricas, a Toyota se propõe a construir uma sociedade baseada em reciclagem. E é nesse ponto que as startups entram em cena.
Uma delas é uma startup americana responsável por reutilizar os materiais de baterias veiculares antigas. Além disso, a montadora destina toneladas de alumínio excedente do processo de fabricação para uma startup. A doação para a healthtech tem o objetivo de produzir próteses ortopédicas. Embora a ação contribua para o meio ambiente, também desempenha função de responsabilidade social ao proporcionar mobilidade para a população.
Pepsico
Outra empresa também preocupada com a grande quantidade de lixo produzido é a Pepsico. A varejista realiza conscientização dos consumidores por meio de programas de “recompensa”. Ou seja, ao entregar as embalagens dos famosos snacks - como DORITOS®, LAY’S®, RUFFLES® e CHEETOS® - o cliente acumula pontos que poderão ser revertidos em prêmios.
E todo esse trabalho de reciclagem, até mesmo a empresa responsável pela troca de embalagens por pontos, só ocorre graças a parceria com startups. Até o material utilizado na indústria, como os pallets, são originados de uma startup israelense que utiliza tecnologia para produzir produtos reciclados com qualidade.
Órgãos de Gestão Pública
Fugindo um pouco da ideia de uma grande companhia, mas tão valioso quanto as outras, são os órgãos de gestão pública. Quem acompanha os eventos de inovação já deve ter visto cada vez mais frequente a presença desses órgãos públicos como exemplo de boas práticas. Dentre eles, as prefeituras tem se destacado.
É o caso da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro. Além de ter anunciado um plano de metas ambientais, a prefeitura deseja estimular o mercado de startups com a criação de um hub de sustentabilidade.
Inclusive, esta não é a primeira vez que a administração pública se relaciona com startups. A fim de “promover intercâmbio de conhecimentos, informações, tecnologias, experiências, práticas de pesquisas e qualificação desenvolvimento econômico e inovador”, a prefeitura fechou parceria com startup portuguesa.
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